Por Marco Antônio Lage

A relação entre Itabira e Vale atinge a emblemática marca dos 80 anos neste 1º de junho de 2022. Uma convivência que sempre foi marcada pela intensidade, desde a criação da então companhia estatal, em 1942, por Getúlio Vargas. Em uma cidade que se desenvolveu e cresceu em meio às minas de ferro, ônus e bônus se misturam de maneira talvez nunca experimentada em outro município minerador. 

Mais do que uma simples relação econômica, Itabira e Vale possuem ligação umbilical. Do nascimento estatal, passando pela privatização e até à explosão como uma das maiores empresas do mundo, a mineradora construiu sua trajetória sempre alicerçada pelas quase 40 milhões de toneladas de minério de ferro que extrai em sua terra natal.  

Todas essas décadas de exploração, obviamente, geraram divisas econômicas importantes para Itabira. Empregos, impostos, uma vasta cadeia produtiva e circulação de riquezas que colocam o município como um dos primeiros em arrecadação em Minas Gerais. Do outro lado, há o custo social dessa relação: sobrecarga nos serviços públicos, meio ambiente impactado, baixa oferta de recursos hídricos, saúde dos cidadãos debilitada e um constante medo de quem convive diariamente com inúmeras e gigantescas barragens. 

Encontrar o ponto de equilíbrio entre benesses e tormentas de oito décadas de exploração não é tarefa fácil. Mas é o que propõe a atual gestão da Prefeitura de Itabira ao elaborar um plano de desenvolvimento sustentável para uma cidade mineradora, e assim elucidar, de maneira coordenada, as alternativas econômicas e projetos sociais e de infraestrutura que reduzam a dependência em relação à exploração do minério de ferro.

Este projeto já está em execução e tem a Vale também como protagonista. Foi a proposta que levamos à empresa desde o início da gestão: Itabira tem de ser um grande case para a mineradora, uma oportunidade de ouro para que a Vale transforme positivamente seu relacionamento com as comunidades vizinhas às suas minas.

A empresa já tem em mãos 32 projetos estruturantes de curto prazo, que, se executados, transformam sobremaneira a realidade de Itabira. São ações que não visam somente o agora, mas o futuro da cidade de maneira diversificada e atraente. Porque oito décadas já se passaram, ainda restam poucos anos de exploração mineral, mas o legado tem de ficar para sempre. 

Seria um grande presente de 80 anos. Da Vale para Itabira. E da Vale para ela mesma.