Belo Horizonte – Obras da Vale que podem resultar em despejos de mais de 300 famílias em Itabira (Região Central) e cortes de verbas federais para universidades públicas foram os temas dos pronunciamentos no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (25/5/21).
A história da Vale, que nasceu em Itabira, foi retomada pelo deputado Bernardo Mucida (PSB) para falar do ineditismo do município no que diz respeito à mineração no Brasil. As próximas novidades a serem inauguradas lá e que demandam atenção são, segundo ele, a construção de um novo tipo de estrutura de contenção a jusante e o esgotamento do minério para exploração econômica na região.
Sobre a estrutura que se planeja construir, trata-se, de acordo com o parlamentar, de um muro que chega a 20 metros de altura e que tem o objetivo de conter os rejeitos caso a primeira barragem se rompa. O problema é que tal estrutura deve ser no meio da área urbana, em um bairro residencial, e pode chegar a desalojar 300 famílias.
O pedido do deputado Bernardo Mucida em relação à questão é transparência. Segundo ele, a empresa não tem respondido questionamentos sobre esse projeto e não se sabe exatamente onde a estrutura será construída, quando a obra vai começar e quantas famílias serão removidas. “As famílias atingidas pela Vale na região estão desamparadas materialmente e agora a população de Itabira está desamparada também do ponto de vista de informações”, disse.
Sobre o esgotamento do minério, o parlamentar lembrou que Itabira será o primeiro município a viver essa realidade no País. Segundo ele, várias entidades regionais já têm conversado sobre a necessidade de promover a diversificação produtiva do município e o deputado disse que a votação na ALMG do acordo do governo estadual com a Vale, realizado para mitigar os danos promovidos pelo rompimento da barragem de Brumadinho (Região Metropolitana de Belo Horizonte), deve ser utilizado para discutir também essas questões.
Cortes – O deputado Betão (PT) denunciou os cortes de recursos federais para universidades públicas. “O recuo no financiamento da educação superior foi pior do que no ano passado, chegando a 18% e atingiu bolsas, pesquisas e empregos”, disse.
Ele convocou para manifestações de repúdio aos cortes a serem realizadas em diversas cidades no dia 29 de maio. “Não podemos aceitar um presidente que tira dinheiro da educação e investe meio milhão de reais pra fazer um ato público para propaganda pessoal como Bolsonaro fez no último domingo no Rio de Janeiro”, disse.
Substituição – Durante a reunião, também foi comunicada a renúncia do deputado João Vitor Xavier (Cidadania) à sua vaga na Comissão de Minas e Energia e sua substituição pelo deputado Arnaldo Silva (DEM).
Foto: Bernardo Mucida disse que faltam esclarecimentos por parte da Vale com relação a projeto minerário em Itabira – Créditos: Daniel Protzner