Belo Horizonte (MG) – Geração de renda por meio do artesanato, com preservação e promoção da cultura. Esses são alguns dos resultados do projeto “Arte e cultura com criatividade e geração de renda”, financiado com uma verba de R$ 50.318,00, destinada pelo Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais (MPT-MG). Coordenado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado Minas Gerais (Emater), o projeto foi executado durante o ano de 2021, na comunidade rural de Maciel, Distrito de São Bartolomeu, no município de Ouro Preto.
As verbas destinadas pelo MPT são provenientes de indenizações por dano moral pagas por empresas cuja conduta de descumprimento da legislação trabalhista deu causa a alguma lesão a um grupo de trabalhadores. “Para reverter esses valores em benefício das comunidades atingidas, o MPT procura apoiar projetos voltados para qualificação e promoção de emprego e renda, como esse que apresenta resultados importantes, diretos ou indiretos, como o aperfeiçoamento dos produtos e a ampliação da comercialização, a inclusão produtiva de jovens e mulheres, a promoção de valores de ética e de trabalho colaborativo”, destaca o procurador do Trabalho Geraldo Emediato de Souza, responsável pela destinação da verba. “Com a viabilização dessa verba, tivemos a oportunidade de melhorar o nosso desempenho, agregar valor ao nosso trabalho e dar mais qualidade de vida para a comunidade”, avaliou a coordenadora do grupo, e também artesã, Lucia Nazaré Bento.
A verba destinada MPT-MG foi aplicada na aquisição de material de consumo como tesouras, tecidos, lápis 6B, manta térmica, zíperes e outros aviamentos, equipamentos como ferro elétrico industrial, máquina de bater botões, etc. “Outra parte foi direcionada ao pagamento dos instrutores e oficineiros, designer de produto e designer gráfico, como também um fotógrafo para produção de fotos de qualidade dos materiais produzidos e um percentual em foi aplicado em produção de material gráfico: folder, tag’s, cartões de vista e um catálogo”, relatou a coordenadora do projeto.
“Colocar uma pitada de inovação no trabalho de transformação de retalhos em peças funcionais cheias de estilo e cores, que podem ser colchas, toalhas, bolsas, utilidades domésticas foi o desafio proposto às doze artesãs inscritas no projeto, que receberam capacitação do designer de produtos Renato Imbroísi, com ênfase na produção de peças artesanais originais estampadas com elementos centenários da cultura de Ouro Preto, estratégia que possibilitou conferir grande qualidade artística às peças e maior valor agregado”, descreveu a coordenadora do projeto Cléa Ruas Mendes. “Além de promover elevação de renda e autoestima, o projeto deu importante incentivo à construção de uma identidade da comunidade e do município”, avaliou Cléa.
O suporte dado pelo design foi além da inspiração artística, “ele abriu possibilidades de comercialização dos produtos por meio de seus contatos em São Paulo (SP) e, com isso, foram comercializadas tanto as peças anteriores ao projeto como todas as peças confeccionadas durante as atividades do projeto. A arte das emendas de tecidos despertou o interesse da estilista Flávia Aranha, que utilizou peças em duas temporadas de lançamento de suas coleções no São Paulo Fashion Week no ano de 2021. As artesãs receberam material e encomenda das emendas para essa estilista produzir suas peças”.
“Na minha visão, esse foi um ganho muito significativo para promoção do espírito de solidariedade, integração e cooperação gerado pelo projeto. Os resultados alcançados superaram as expectativas do projeto. As mulheres das Emendas de Maciel se consolidaram num grupo de 12 integrantes que estão agora empoderadas e até as mais jovens se sentem incluídas e parte importante do processo produtivo. Elas adquiriram autonomia produtiva”, comemora a coordenadora do projeto.
Esse é um dos projetos apoiados pelo MPT com verba da indenização paga a título de dano moral, resultante da ação civil pública (ACP) movida contra a mineradora Samarco, em trâmite perante a 2ª Vara de Ouro Preto, devido ao rompimento da Barragem de Fundão, ocorrido em 2015, na cidade de Mariana.
Fonte: Assessoria Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais