Dados do Ministério da Saúde apontam que um milhão de pessoas conviviam com o HIV no Brasil em 2022 — sendo que 35%, ou 350 mil, são mulheres; enquanto 65%, ou 650 mil, são homens. Apesar dos avanços das últimas décadas, com a oferta de tratamentos eficientes para AIDS e maior circulação de informação, a doença ainda é cercada de preconceitos. Nesta reportagem, o médico infectologista do Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD), Marcello Fontana, esclarece sobre o tema.
“A AIDS é a fase avançada da doença. O HIV positivo é o portador do vírus que ainda não manifestou ou está controlado, tratando e não manifesta a doença”, explica o médico. “A AIDS é a fase em que o indivíduo com o HIV tem a evolução da doença, o que acontece, em média, dez anos depois da contaminação. Essa fase avançada da doença é caracterizada por perda de peso, febre prolongada — às vezes com mais de 30 dias — e diarreia prolongada, também de mais de 30 dias. E, principalmente, infecções oportunistas, como pneumonia, infecção urinária, meningite, tuberculose, infecções por fungos e bactérias, outras bactérias e protozoários, que pessoas sem HIV normalmente não têm”, completa.
Na última sexta-feira, 1º de dezembro, foi celebrado o Dia Mundial de Luta contra a AIDS. A data marca também o início da campanha Dezembro Vermelho, que promove uma grande mobilização na luta contra o vírus HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. Nesse aspecto, a conscientização das pessoas é um dos importantes mecanismos de combate à doença.
O infectologista do HNSD destaca que a principal forma de transmissão do HIV é o contato sexual — oral, anal e vaginal. Além disso, a doença pode ser transmitida por transfusões de sangue — o que é raro no Brasil devido à qualidade dos hemocentros —; compartilhamento de seringas e agulhas, principalmente em usuários de drogas injetáveis; e durante a gestação, passando de mãe para filho.
Prevenção
De acordo com médico infectologista do HNSD, a principal forma de combater a AIDS é a prevenção — sobretudo com o uso de preservativo durante as relações sexuais.“É evitar o comportamento de risco, que é se expor sem preservativo ao sexo. A camisinha é a principal forma de evitar essa doença. A segunda forma é buscar orientação e informação com o médico, ler e se informar, fazer os testes, principalmente quem tem dúvida e quem teve relação de risco”, pontua Marcello Fontana.
Em Itabira, a Policlínica Municipal oferece testes rápidos gratuitos para doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) via Sistema Único de Saúde (SUS). “Qualquer cidadão de Itabira pode fazer na Policlínica. É chegar, conversar, ser avaliado por uma equipe multidisciplinar e fazer os testes de HIV, hepatites, sífilis, que são as DSTs para as quais temos exames disponíveis”, destaca Marcello Fontana.
Tratamento
Atualmente, o tratamento da AIDS e do HIV positivo acontece por meio de coquetéis antirretrovirais, que são uma combinação de medicamentos que têm o efeito de controlar o crescimento do vírus. Com esse tratamento, 90% dos pacientes soropositivos conseguem zerar a carga do vírus no sangue em até seis meses.
“Não é cura. Quer dizer que a doença está muito bem controlada e não se detecta o vírus. Mas se o paciente parar de tomar o coquetel, em poucas semanas o vírus explode de novo e volta a comprometer o indivíduo. Então, hoje, o HIV virou uma doença crônica de tratamento, semelhante a um diabético, por exemplo, mas que requer disciplina, tratamento, cuidado com a saúde, o peso, a alimentação e, principalmente, adesão ao tratamento, que é o coquetel, que é gratuito e só encontrado na rede pública, fornecido pelo Ministério da Saúde”, conta Marcello Fontana.
Fonte: Assessoria HNSD