Mariana – A primaz das Minas está reaberta. O IPHAN entregou nesta quinta-feira, 15/12, as obras de restauro da Catedral Basílica Metropolitana de Mariana, a Sé! O primeiro Bispado de Minas Gerais. Foram investidos recursos da ordem de R$ 10,6 milhões. O trabalho foi executado por meio do Plano de Ação das Cidades Históricas e de contratos firmados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A cidade ainda aguarda a conclusão da igreja de São Francisco de Assis, na praça Minas Gerais.


A solenidade foi realizada pela Superintendência Regional do IPHAN em Minas Gerais, liderada por Débora do Nascimento França ao lado do Arcebispo Dom Airton José dos Santos e contou com as presenças do prefeito interino Ronaldo Bento, do presidente da Câmara Juliano Duarte e de secretários municipais. O público entrou na Catedral ao som de Ave Maria de Schubert, na voz da soprano Bruna Percia, acompanhada por Matheus Lopes na voz e no piano.


A Superintendente do IPHAN, Débora do Nascimento, que no mês passado entregou a obra de restauro da Matriz do Antônio Dias, disse que o mais importante para o instituto é saber que a reabertura das igreja é uma conquista da comunidade. “A importância maior é para as pessoas que usam esses espaços, para os fiéis, para os Mineiros, termos esse patrimônio tão rico restaurado, para ser apropriado, para ser vivido e para ser mantido para as gerações futuras. A parte mais gratificante é essa, devolver à comunidade um bem com o qual eles têm afeto e vão voltar a usufruir disso”.


A obra que tinha como previsão 18 meses, acabou durando mais que o esperado, encerrando em quatro anos. Em 2019 iniciaram o restauro dos elementos artísticos da Catedral, com destaque para os altares laterais e o forro da nave, no qual se encontrou a pintura de Nossa Senhora da Assunção datada do século XVIII, abaixo dela poderia ter a imagem de Nossa Senhora da Conceição, devoção anterior.


De acordo com o IPHAN, a catedral é um dos mais importantes monumentos religiosos e artísticos do século XVIII, pertencente à mais antiga Diocese do interior brasileiro. Entre as 7 catedrais erguidas na mesma época, no Brasil, a Sé de Mariana é a única que mantém seus traços originais. As obras partiram desde as intervenções estruturais e arquitetônicas, chegando ao enaltecimento de suas riquezas artísticas, com as restaurações de elementos de arte e integrados, também datados do século XVIII. Foi feita a restauração dos forros, retábulos, arcos, painéis, cimalhas, lustres e tela, com tratamentos específicos de pintura e douramento, entre outros.


Durante a coletiva de imprensa o Arcebispo lembrou que a manutenção do templo deve ser eficaz, para que o imóvel dure mais 300 anos. Que medidas e procedimentos serão tomados para que o investimento realizado seja mantido pelo maior tempo possível. Ele questionou se hoje alguém teria coragem de edificar uma igreja como a catedral. “Alguém teria coragem de fazer hoje alguma coisa parecida? Não sei, a gente vê hoje, às vezes uma igreja que é mais um barracão, que uma obra de Arte. Isso aqui é uma obra de Arte toda ela, tudo que vemos aqui vemos experiências vividas de arte, de especialistas, peritos, pessoas que passaram por aqui e deixaram sua contribuição”.
Perguntado sobre quais são as dificuldades de se preservar o patrimônio histórico da Arquidiocese de Mariana, Dom Airton respondeu que o grande desafio é minimizar os impactos que o ambiente traz para a igreja.


Para Dom Airton, um dos instrumentos para a preservação do imóvel é a partilha com os órgãos do Estado. A igreja e o Estado diante de um patrimônio desses são igualmente responsáveis, nós porque estamos aqui estamos vendo, e o Estado porque precisa manter seu patrimônio histórico nacional e essa igreja faz parte desse acervo. Pertence a nossa história ao nosso povo, que esteve aqui e fez tudo isso, então temos que trabalhar muito, os desafios são vencidos um por vez”.


Ainda respondendo sobre as difuculdades de preservar o patrimônio, lembrou que o trânsito é um dos fatores de “estremecimento das paredes, por exemplo se passa um caminhão tanque aqui do lado todo dia, ele vai causar um estrago, então veja a responsabilidade de todos nós, no caso aqui também no município de trabalharmos juntos para que este patrimônio não sofra os impactos externos e o uso seja cuidadoso para que não fique fechado novamente”, ressaltou que se todos devem trabalhar juntos para que não seja pesado, se for junto, será leve para todos “ se nós deixamos na responsabilidade de alguns, aí fica pesado, vamos então partilhar isso”.


O Arcebispo de Mariana, Dom Airton José dos Santos disse que a reabertura antes do Natal é providencial, no dia 23 será realizada o traslado da imagem de Nossa Senhora da Assunção da Igreja do Carmo para a Catedral e no dia 24, véspera de Natal será realizada a missa da vigilia a primeira a ser realizada após 7 anos fechada. “Quando o IPHAN nos avisou que poderia haver essa reabertura no dia 15, hoje esta sendo muito importante, a catedral está cheia de gente, pessoas que passam pela porta, vê a porta aberta e entra, porque a igreja começou de novo seu caminho, está presente no centro da cidade e está de portas abertas para as pessoas poderem entrar e ver a beleza que ficou essa igreja com toda arte que possui”.


A Diocese de Itabira foi criada pelo Papa Paulo VI através da Bula Haudi Inani, desmembrando-a das Arquidioceses de Mariana e Diamantina. Sua Ereção Canônica se deu no dia 14 de junho de 1965.


Saiba Mais – A Sé de Mariana:

A Catedral da Sé de Mariana tem sua história originada com a construção de uma pequena capela à Nossa Senhora da Conceição, ainda em 1703, posteriormente transformada em sacristia de uma nova e maior igreja, cujas obras começaram em 1713 e resultaram no que, ainda hoje, é o edifício da Matriz. Ao longo dos anos, a edificação recebeu diversos reparos e acréscimos, como uma série de recuperações da nave em 1734 e trabalhos de decoração interna e douramento do altar-mor em 1727.


De aspecto sóbrio, conferido pelo barroco jesuítico, a Catedral da Sé tem a simplicidade das linhas retas de seu frontispício contrastando com um interior marcado por um dos mais significativos conjuntos de talha de Minas Gerais e ricos detalhes decorativos. Seu acervo conta com importantes obras de Mestre Ataíde, entre outros nomes da arte e arquitetura religiosa mineira.

Por Marcelino de Castro
Saiba Mais- Assessoria de Imprensa do IPHAN

Fotos: Marcelino de Castro